segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Se o problema é o desemprego...



1. Porque faltaram os empregos no Ocidente? Por duas razões: pela deslocação das indústrias que precisam de trabalhadores para as zonas emergentes de salários baixos, pela robotização e computadorização das indústrias e serviços escriturários que ficaram com os despedimentos em massa respectivos e baixa de admissões. A esta razão de organigramas acrescentou-se a da nova teoria económica fortemente nobelizada vinda de Friedman e utilizada por Reagan e Thatcher para fomentar ganhos de capitais susceptíveis de ultrapassar o que ele achava ser a ‘estagnação’ das economias após os 30 gloriosos anos, regidos à maneira de Keynes, entre patronato e sindicatos, entre democracias cristãs e sociais democratas (a sério, não à PSD).
2. Ora, se o problema é o desemprego, não há solução para o P. S., nem aliando-se à esquerda nem à direita, mas também não a há para a direita sozinha, ainda que tivesse a maioria absoluta. Porque é o emprego que decide os votos da dita classe média, a dos que vivem de salários médios ou fracos e a dos que aspiram a eles e não os têm. Como é que se criam empregos, ou se cresce economicamente, com a dívida monstruosa e a mão de ferro do Eurogrupo, dum grupo de contabilistas financeiros a quem as economias locais e as democracias são alheias? Os resultados eleitorais de 4 de outubro mostram, parece-me: 1) que o Bloco jogou como o Podemos ou Syriza que não temos porque o PCP não deixou outra hipótese (além da emigração das tais 4 centenas de milhar de emigrados), 2) que o PS com Costa se salvou do afundamento que porventura teria com o inseguro Seguro e 3) que a direita que tanto castigou quem trabalha ainda apareceu para muitos assalariados como o que poderá garantir segurança de emprego, porque está do lado do capital.
3. A solução possível é democraticamente impossível: não procurar redistribuir as mais valias económicas, o que o alto desemprego torna inviável, mas redistribuir os empregos, diminuindo os horários de trabalho. Não me parece que isso possa fazer-se por uma lei para toda a gente, à maneira das 35 horas semanais de Leonel Jospin, fora dum cenário de catástrofe que tornasse viável tal lei; mas será a sociedade civil – famílias e empresas – que deveria ir resolvendo as questões de forma local, com contribuição municipal e regional, de maneira a aliviar situações gritantes e governos impotentes.

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