domingo, 7 de setembro de 2014

Os Portugueses do século XVI falavam brasileiro


Lembro-me de o grande linguista português Luís Lindley Cintra, pai do actor da Cornucópia, me ter contado que o linguista brasileiro Celso Cunha, com quem ele escreveu uma gramática do português, o ter demonstrado através de análises de manuscritos do século XVI, creio que de poesia teatral. Ora, é o que veio confirmar o que no PÚBLICO de 7 de Maio 2014 escreve Paulo Werneck, que lhe contou o poeta e tradutor Paulo Henriques Britto: “estudando a poesia de Camões, deu-se conta de que, lidos com o actual sotaque português, a métrica não fechava. Ele e seus alunos então leram os mesmos sonetos com o sotaque do Brasil de hoje e foi batata: a métrica fechou perfeitamente”. Haverá sem dúvida linguistas para nos explicarem esta coisa estranha: porque terão os Portugueses fechado as vogais, a, e, o, que hoje dizemos sem acentuar (como em ‘fechado’, ‘a métrica’), ao contrário das línguas latinas que há por aí, castelhano, catalão, francês, italiano e brasileiro que todas as abrem?