domingo, 23 de dezembro de 2012

Despedimento de 50 mil


Somos chocados com o despedimento anunciado de 50 mil funcionários públicos, com o que isso representa de aumento do desemprego como chaga social. Ora, embora isso não costume ser apresentado como solução mais ou menos provisória, lê-se por vezes nos jornais que empresas europeias, e entre nós a Auto-Europa, têm adoptado uma redução do tempo de trabalho de todo o pessoal, garantindo assim que não se despede ninguém, o que significa repartir a solução ‘corte nos custos’ por toda a gente, o tempo que for necessário; significa uma solução positiva de solidariedade entre as pessoas em vez duma chaga sobre uns tantos. Um amigo meu trabalha numa fábrica no concelho de Cascais com 70 trabalhadores que há um ano que trabalham apenas 4 dias por semana, contentes por apesar de ganharem menos terem evitado o desemprego e da solução ser colectiva. Em termos de função pública, essa diminuição teria óbvias vantagens, não apenas por guardar trabalhadores experimentados em funções que frequentemente não têm equivalência em empresas privadas, mas inclusive porque poderia, na escola porventura, dar mais trabalho a professores não colocados, em vez desta aberração de se querer que o pessoal trabalhe cada vez mais quando o desemprego cresce. De qualquer forma, ninguém pode garantir que uma parte do desemprego actual tão elevado não resulte da tecnologia electrónica, robots e computadores, e que estejamos em época de transição para uma semana de 4 dias de trabalho como continuação do avanço civilizacional dos últimos dois séculos. O que agora seria provisório em certos sectores poderá ser definitivo daqui a algum tempo para toda a gente.
Carta Público, Outono 2012

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